Emater e produtores rurais visitam Jaíba-MG para conhecer banana irrigada na região

Profissionais da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) e produtores rurais assistidos pela instituição estiveram na última semana em Minas Gerais para conhecer o Projeto Jaíba, conhecido por abrigar uma das maiores estruturas de irrigação da América Latina. A visita faz parte das ações estabelecidas dentro do processo de obtenção da Indicação Geográfica (IG) da banana produzida no município goiano de Buriti Alegre.

A atividade foi organizada pela Emater Goiás, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Compuseram o grupo 18 técnicos da Agência Goiana e sete agricultores familiares da Associação dos Hortifrutigranjeiros de Buriti Alegre (AHBA).

“Essa integração interestadual possibilitou que os participantes trocassem experiências, conhecessem novas tecnologias e abrissem os horizontes em relação à produção de banana, bem como sua comercialização”, ressalta a assessora técnica da Emater e uma das coordenadoras do processo de obtenção da IG, Isabela Lima. Ela lembra que uma das práticas executadas nas propriedades inseridas no Projeto Jaíba é o corte das folhas da bananeira que estão em contato com os cachos de banana para evitar a danificação dos frutos, procedimento que os produtores goianos não conheciam.

Além da visita às propriedades, a programação incluiu a ida à Cooperativa dos Pequenos Produtores do Projeto Jaíba (Coperjaíba), que comercializa doces de banana e goiaba. O grupo também conheceu o Banco de Alimentos do município, responsável por atender mais de 30 cidades da região com doação de 400 a 600 cestas de alimentos por semana a pessoas em situação de vulnerabilidade. Cerca de 80 mil famílias carentes já foram beneficiadas.

A agenda contou também com a visita ao Grupo Braúna, que abrange quatro fazendas ativas no Projeto Jaíba. A área totaliza 200 hectares de plantação de banana nanica e 300 hectares de banana prata. No local, a comitiva da Emater conferiu de perto como é feita a classificação e embalagem dos frutos, processo que envolve quatro etapas: condução dos cachos de banana por um cabo aéreo, despenca dos cachos, avaliação e higienização das frutas com sulfato de alumínio e sódio. O Grupo Braúna dispõe ainda de uma grande composteira, que transforma em adubo todo o material orgânico descartável obtido a partir do cultivo das bananas. 

Artesanato

Parte dos visitantes esteve no espaço onde funciona o Bananarte, grupo informal constituído por mulheres de uma das agrovilas do Projeto Jaíba. Elas trabalham com a confecção de objetos artesanais produzidos a partir do processamento da fibra da bananeira. Participaram da visita as analistas de desenvolvimento rural da Emater Euza Maria Luiza e Fátima Eterna.

Em função da diversidade de bananas produzidas na região, os itens confeccionados pela associação apresentam uma ampla gama de texturas e cores. Para preservar o saber artesanal a comunidade conta com uma turma de jovens aprendizes com idades de 12 a 15 anos. “Foi importante para nós da área social, que trabalhamos com essa atividade. Tivemos a oportunidade de conhecer novas formas de processamento, que vão agregar em nossos conhecimentos”, relata a extensionista social da Emater, Fátima. A profissional é responsável por coordenar uma série de cursos de artesanato voltados para produtoras rurais.

Projeto Jaíba

A implantação do Projeto Jaíba teve início na década de 1950, após pesquisas norte-americanas revelarem o grande potencial daquela área para a agricultura irrigada, localizada na região conhecida como Mata da Jaíba, entre os rios São Francisco e Verde Grande. O espaço inicial previsto para a estruturação do empreendimento era de quase seis mil hectares.

O Projeto Jaíba começou a ser de fato operado na década de 1980, com o assentamento das primeiras famílias rurais irrigantes. A partir dos anos seguintes, foram implementados mais recursos financeiros e incorporada a participação da iniciativa privada, criando-se o Distrito de Irrigação de Jaíba, entidade privada sem fins lucrativos, gerida pelos próprios irrigantes, com intuito de realizar a administração de toda a infraestrutura construída.

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