HMI chama atenção para violência contra crianças e adolescentes

Segundo dados do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), nos últimos quatro anos, 180 mil meninas e meninos sofreram violência sexual no Brasil. No intuito de sensibilizar e orientar os colaboradores sobre a importância do monitoramento e enfrentamento de situações como essa, o Hospital Estadual Materno Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI) realizou, na terça-feira (14), uma apresentação teatral com o tema violência sexual contra crianças e adolescentes.

A peça foi criada pela auxiliar de enfermagem do Núcleo Hospitalar Epidemiológico (NHE) Cecília Francisca Magalhães e apresentada pelos próprios servidores da unidade do Governo de Goiás. Além de Cecília, participaram a auxiliar de lavanderia, Maria Silvana da Cruz e a auxiliar de nutrição, Sarah Dalilla de Oliveira.

A história é sobre uma criança que morava com a mãe e um tio e que vivia com pesadelos e medo, pois sofria assédio e abuso do tio, dentro de sua própria casa, até que a mãe flagrou o assédio e chamou a polícia. No final, as três colaboradoras cantaram a música “O seu corpo é um tesourinho”,  cuja letra fala que se alguém tocar em seu corpo, não se pode guardar segredo, tem que contar para a mamãe, papai ou um professor.

Histórias de violência sexual como essa atingem diariamente crianças e adolescentes de todas as classes sociais, em várias idades e de diferentes formas e, muitas vezes, é praticada por pessoas próximas, conhecidas e até mesmo dentro da própria casa. Por isso, é importante que os adultos responsáveis estejam sempre atentos.

Proteção
“Foi impactante. Foi uma forma de buscarmos fortalecer os mecanismos sociais de proteção a crianças e jovens que sofreram este tipo de abuso”, definiu a coordenadora do NHE, enfermeira Wanda Lopes. “É um problema grave. Precisamos agir de forma preventiva, identificar e responder às violências contra nossas crianças”, disse o biomédico, Jairo Batista da Silva. “Achei forte e de muita importância para prestarmos mais atenção aos nossos filhos e crianças próximas”, afirmou a enfermeira Karoline Nantes.

Para Cecília e Maria Silvana, não foi fácil atuar nessa peça, pois elas sofreram esse tipo de violência quando criança. “Perdi meus pais muito cedo, e eu e meus irmãos fomos morar com parentes. Os assédios começaram quando eu tinha 7 anos e permaneceram até meus 14 anos. Não adiantava eu contar: as pessoas não acreditavam em mim. Eu pedia em minhas orações para que as pessoas que me tocavam morressem. Tenho me sentido mal com tantos casos de violência, e essa foi a forma que encontrei para pedir aos meus colegas que tomem conta de suas crianças”, pontuou Cecília.

“Saí de casa muito nova, com 9 anos de idade, em busca de uma vida melhor. Fui morar com uma família. A dona da casa era uma pessoa maravilhosa. Seu companheiro também era uma pessoa boa, confiável, até que um dia, quando estava com 11 anos, ele abusou de mim. Aprontei um escândalo, gritei, mas não contei pra ninguém na época, pois ele me ameaçava e eu não tinha para onde ir. Essa dor fica grudada na gente. Se a criança mudar seu comportamento com alguma pessoa, desconfie”, relatou Silvana.

Atendimento
O HMI conta com o Ambulatório de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (AAVVS), composto por profissionais especializados, oferecendo atendimento e acolhimento às vítimas de violência que chegam à unidade. Somente neste ano, de 1º de janeiro a 13 de dezembro, foram notificados 848 casos de violência, dos quais 489 de cunho sexual.

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