Mais de 600 detentos fazem a prova do Enem, neste domingo (9)

O Exame Nacional do Ensino Médio para pessoas privadas de liberdade ou sob medida socioeducativa, o Enem PPL 2021, acontece nos próximos domingos, dias 09 e 16 de janeiro, em todo país. Em Goiás, 611 presos se inscreveram para fazer a prova. Um levantamento da Gerência de Educação da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) mostra que houve um aumento de 60% no número de inscritos. Em 2020, 382 detentos participaram das provas.

Nesta edição, o exame nacional avaliará presos de 39 unidades prisionais do Estado. A Unidade Prisional Regional (UPR) de Anápolis se destaca com 135 presos inscritos, seguida pela UPR de Itumbiara e Casa de Prisão Provisória (CPP) de Aparecida de Goiânia, onde, respectivamente, 66 e 40 detentos também farão a prova do Enem.

Para o diretor-geral de Administração Penitenciária, Josimar Pires, o aumento significativo de presos inscritos no Enem é mais uma comprovação da importância dos projetos de educação desenvolvidos dentro do sistema penitenciário. “O detento que consegue a oportunidade de concluir os estudos durante o cumprimento da pena tem mais condições de conseguir trabalho e garantir seus sustento ao sair da prisão. Isso evita que ele volte para criminalidade”.

Esperança

Segundo um dos detentos da UPR de Porangatu, de 26 anos, inscrito no Enem PPL 2021, a prova representa uma oportunidade para entrar na faculdade. “É uma chance que não tive lá fora. Espero vitórias! Eu quero correr atrás do tempo perdido, entrar numa faculdade, me formar, e ser alguém na vida, porque se tem uma coisa que ninguém tira da gente é o estudo”, planeja.

Uma detenta da Unidade Prisional Regional Feminina (UPRFEM) de Luziânia, de 42 anos, está cursando a faculdade de licenciatura em Matemática depois de ser aprovada pela prova do Enem. Ela conta que a nova chance deu a ela uma visão de futuro. “Eu vejo que nós podemos voltar a ser inseridos na sociedade, com um olhar diferente, como pessoas que podem estar lá novamente fazendo algo bom, que nos foi dada uma oportunidade. É uma sensação de algo que eu procurei, que eu busquei e consegui. Algo bom para a minha vida”, comemora.

Outro custodiado da UPR de Itumbiara fez a prova do Enem no ano passado e conseguiu uma vaga para cursar engenharia elétrica em uma universidade particular do município. “Graças ao apoio da minha família e as oportunidades recebidas dentro da penitenciária, posso almejar um novo futuro. O mundo muito julga e pouco estende as mãos para oferecer ajuda. Quando encontramos apoio e incentivo, como encontrei na administração dessa unidade, vemos uma janela se abrir para um novo caminho”, disse.

Enem

O Enem avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término do ensino médio e tornou-se uma das principais portas de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e de iniciativas como o Programa Universidade para Todos (ProUni).

Instituições de ensino superior públicas e privadas utilizam o Enem para selecionar estudantes. Os resultados são usados como critério único ou complementar dos processos seletivos, além de servirem de parâmetros para acesso a auxílios governamentais, como o proporcionado pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

As provas do Enem PPL são aplicadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e têm o mesmo nível de dificuldade do Enem regular. A única diferença está na aplicação, que ocorre dentro de unidades prisionais indicadas pelos respectivos órgãos de administração prisional de cada estado.

Ensino no sistema

Apesar das dificuldades enfrentadas durante a pandemia, a Gerência de Educação, Módulo de Respeito e Patronato da DGAP conseguiu um aumento de mais de 200% no número de presos matriculados nos projetos de educação. Em agosto de 2020, 932 presos estavam matriculados nos ensinos fundamental e médio. Este número subiu para 2.823 em setembro de 2021.

A quantidade de unidades prisionais que oferecem atividades educacionais também aumentou. Em 2019, apenas 34 estabelecimentos penais do Estado ofereciam ações de ensino. Hoje este número subiu para 78, ou seja, mais de 80% dos presídios de Goiás desenvolvem projetos que dão aos presos a chance de concluir a educação básica.

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