O Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), unidade do Governo de Goiás, realizou nesta terça-feira (28), a primeira captação de órgãos para transplante. Foram captados rins e córneas, com o apoio da equipe de médicos e profissionais da Gerência de Transplantes da Secretaria da Saúde de Goiás (SES-GO) e apoio logístico do Serviço Aéreo do Estado de Goiás (Saeg), que ofereceu aeronave para transporte da equipe.
O procedimento inédito no hospital foi possível após investimentos do Governo de Goiás na Regionalização da Saúde e na compra de equipamentos tecnológicos necessários para esse tipo de procedimento.
A doadora era uma mulher de 40 anos, que após sofrer um acidente automobilístico, teve morte encefálica determinada por protocolos seguidos por lei. “Ela era doadora, assim como irmãos. Foi uma decisão da família. Eles entenderam que era um desejo dela e permitiram o procedimento para retirada dos órgãos”, afirma Júlia Carolina da Silva, médica neurologista, responsável técnica da UTI do HCN e também por serviços de neurologia e clínica médica.
Antes do procedimento de remoção, a doadora foi homenageada pelos profissionais da unidade que se reuniram no corredor do hospital para uma salva de palmas. “A gente entende que aquilo é mais que uma doação. Esse ato dá a oportunidade de vida para outras pessoas. É um gesto grandioso”, afirma Júlia. A família também contou com apoio da equipe multidisciplinar e médica do HCN, com psicólogos e assistentes sociais. Os irmãos foram amparados durante todo o processo, desde a chegada da paciente até a realização do procedimento de captação dos órgãos.
“Estamos preparados para esse tipo de caso desde que a unidade foi inaugurada, em dezembro. Realizamos treinamentos junto à SES-GO e criamos uma comissão especializada. Então, é muito gratificante ver que com o apoio de todos conseguimos dar mais um grande passo aqui no hospital”, reforçou Júlia.
O procedimento para retirada, transporte e transplante de órgãos seguem leis federais. “As pessoas geralmente não conhecem todo o processo de doação. Após a constatação da morte encefálica, que sempre é realizada por médicos devidamente capacitados e com experiência comprovada, a família é informada do diagnóstico e após o consentimento da família para doação dos órgãos, uma série de exames são realizados para verificar a compatibilidade com os receptores. Existe muito cuidado e uma logística que conta com vários profissionais”, explicou Tácio Cunha Alves, médico e coordenador da equipe de captação da Gerência de Transplantes.
Segundo o médico, o HCN tem uma estrutura excelente e é mais uma unidade do Governo de Goiás habilitada para esse tipo de procedimento. “Teremos outros casos de doações por aqui. O primeiro abre caminhos para outras doações. Serve de exemplo. É importante verbalizar o interesse de doar em vida, pois este ato pode salvar vidas”, finaliza Tácio Cunha.
Após a cirurgia para remoção, que durou pouco mais de duas horas, os órgãos foram levados pela equipe da Gerência de Transplantes e da Saeg à Goiânia. Esta foi a primeira captação de órgãos realizada no HCN, um marco para o hospital e um importante momento para a saúde de quem espera pela doação.
“Hoje é um dia histórico para o HCN. São vidas que serão salvas. As córneas podem chegar para até duas pessoas, os rins para quem está na fila, fazendo hemodiálise. A família da doadora se sensibilizou e garantiu a doação desses órgãos. Um dia muito importante e feliz”, disse Virgílio Cardoso Moreno, diretor técnico e cirurgião geral da unidade.
Texto e foto: Ana Luiza Tanno/Imed
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