A Secretaria de Estado de Saúde (SES) realizou a abertura oficial do Setembro Verde, mês dedicado à conscientização para doação de órgãos e tecidos, nesta quinta-feira, (1º/9), no auditório do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia.
Por meio de parcerias, a programação da campanha inclui diversas ações, como sessão de cinema, divulgação nos terminais da Metrobus, palestras, blitzes educativas, conferências, ações em shopping centers, passeio ciclístico e uma homenagem às famílias doadoras, marcada para dia 27 de setembro, dia Dia Nacional da Doação de Órgãos.
De janeiro a julho de 2022, foram realizados 329 transplantes de órgãos e tecidos, sendo 55 de rins, 4 de fígado, 246 de córneas, 11 de medula óssea e 13 musculoesquelético.
Luciana Maria Baltazar de Oliveira, 40 anos, é mãe de um doador. Seu filho, Haylloan Helyabe de Oliveira Gomes, de 19 anos, morreu em setembro de 2020 depois de passar 11 dias internado no Hugol. Luciana conta que o filho pediu para ter os órgãos doados.
“É difícil, no meio da dor, decidi salvar a vida de outra pessoa, mas eu respeitei o pedido dele. Ele queria salvar vidas e para mim se tornou um ato de amor ao próximo. Acredito que temos o papel de ser vida para outras pessoas”, relatou Luciana. Haylloan doou as duas córneas, os dois rins e o coração.
A enfermeira Fabiana Ribeiro de Rezende, 33 anos, foi uma beneficiada com a doação de um coração há um ano e sete meses. “Minha vida é completamente diferente hoje, eu consigo fazer as coisas, sair sozinha, organizar minha casa e, o mais importante, consigo realizar meus sonhos sabendo que eu vou estar bem”, declarou.
O titular da SES, Sandro Rodrigues, pontuou que todo o investimento da gestão torna-se em vão, caso as famílias desconheçam o desejo da pessoa em se tornar um possível doador. “Precisamos trabalhar como a doação pode impactar a vida de outro ser humano”, disse ao abrir o evento.
De acordo com o secretário, o mais importante para os familiares de um doador é a ressignificação da perda e conhecer os procedimentos a partir da concordância com a doação. “Temos, em média, setenta por cento de negativas. É um número alto e, muitas vezes, a negativa é acompanhada da desinformação. No momento da dor é difícil convencer a família a autorizar a doação, por isso é preciso trabalhar antes”, ressaltou.
A gerente de Transplantes da SES, Katiúscia Freitas, lembrou que não é mais preciso que o documento de identidade contenha a informação de que uma pessoa deseja se tornar um doador. Para uma pessoa se tornar um potencial doador, basta apenas comunicar esse desejo à família.
“Temos hoje em Goiás, mil e quinhentas pessoas aguardando por um transplante. Somos destaque nos transplantes de rins, mas por outro lado, a fila por doação de córneas aumentou devido à pandemia”, disse Katiúscia, ao explicar que o procedimento foi suspenso no momento mais crítico da crise sanitária.
Estrutura
O diretor do Hugol, Hélio Ponciano, falou da importância de hospitais estruturados para se concretizar a captação de órgãos e tecidos. “Foram 862 órgãos captados durante toda a nossa história. Isso representa cerca de cem vidas salvas por ano. O problema da falta de doadores não vai ser resolvido de forma imediata, mas sabemos que mudamos a vida de quem já recebeu o transplante”, afirmou.
Sandro Rodrigues também agradeceu todos os envolvidos na transplantação de órgãos no Estado. Ele ainda lembrou que nessa sexta-feira, dia 2 de setembro, às 9h, ocorre a inauguração da área de transplantes de medula óssea no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), em Goiânia. A unidade já é referência em transplantes renais no país.
Lucas Adorno, superintendente do Complexo Regulador da SES, destacou que Goiás tem 36 equipes credenciadas para realização de transplantes. “Estamos entre os dez estados que mais fazem transplantes de rins no país. O nosso trabalho é reconhecido quando vemos nos olhos da família de um doador que demos esperança para outra pessoa continuar vivendo. A palavra-chave é humanização”, finalizou.
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