Hugo alerta sobre risco de mergulho em águas rasas durante as férias

O mergulho em águas rasas, prática comum em rios, represas e cachoeiras durante o período de férias, pode resultar em lesões graves e permanentes na coluna cervical. Os acidentes, muitas vezes causados por imprudência e consumo de álcool, podem levar à perda dos movimentos dos braços e das pernas e, em casos mais graves, ao óbito.

De acordo com a médica ortopedista Luna Mangueira, especialista em coluna do Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), unidade pública gerida pelo Einstein Hospital Israelita, esses acidentes ocorrem geralmente em locais com profundidade desconhecida, onde o impacto da cabeça com o fundo gera movimentos bruscos no pescoço, podendo causar fraturas, luxações e lesões medulares graves.

“Em muitos casos, a pessoa perde os movimentos dos braços e das pernas imediatamente após o trauma”, afirma.

Referência em traumas raquimedulares (lesões severas na medula óssea), o Hugo atua com equipe especializada para diagnóstico e tratamento. O hospital conta com nove médicos da área de coluna que atuam em conjunto com profissionais da UTI e do centro cirúrgico.

Segundo o médico André Luiz Cardoso, coordenador do Serviço de Cirurgia da Coluna, todo paciente com suspeita de lesão é avaliado inicialmente por meio do protocolo ATLS, que permite identificar rapidamente a gravidade do trauma e afastar riscos imediatos à vida.

A partir dessa triagem, são realizados exames físicos e de imagem para definição da melhor conduta médica. Nos casos mais graves, pode ser necessário o uso do halo craniano, dispositivo que promove a tração da coluna e o realinhamento das articulações.

A médica explica que essa técnica reduz a compressão sobre a medula e evita complicações neurológicas mais severas. Após essa etapa, o paciente é monitorado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, quando estabilizado, passa por cirurgia definitiva de fixação da coluna.

Lesões mais severas costumam demandar internações prolongadas e podem evoluir com complicações, como infecções pulmonares, úlceras por pressão, tromboses e alterações no funcionamento do sistema nervoso autônomo.

Outro desafio enfrentado pela equipe médica é o tempo decorrido entre o acidente e a chegada à unidade, já que muitos desses casos ocorrem em locais afastados.

“Alguns pacientes chegam horas depois, já com complicações que reduzem as chances de recuperação. O ideal é que a descompressão da medula ocorra nas primeiras 48 horas”, alerta a médica.

A recuperação segue após a cirurgia, com sessões de fisioterapia iniciadas ainda durante a internação.

Após a alta hospitalar, pacientes com indicação são encaminhados para unidades especializadas em reabilitação da rede pública estadual, onde recebem atendimento com equipe multidisciplinar composta por fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e outros profissionais.

A médica relata que, mesmo em casos graves, é possível observar avanços funcionais significativos quando há acompanhamento adequado.

“Já reencontrei pacientes que operei andando novamente após o processo de reabilitação. Mesmo em casos graves, com acompanhamento adequado, é possível alcançar resultados que surpreendem”, afirma Luna Mangueira.

Ela reforça o alerta à população para que redobre os cuidados durante os meses mais quentes, quando esse tipo de acidente tende a aumentar.

“No ano passado, chegamos a atender quatro casos em uma única semana. A maioria das vítimas são homens jovens, geralmente sob efeito de bebidas alcoólicas. Ainda há falta de consciência sobre o risco real de um mergulho imprudente. É preciso falar sobre isso com mais seriedade”, conclui Luna Mangueira.

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