A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) atualizou as normas do Programa Estadual de Prevenção e Controle do Bicudo-do-Algodoeiro em Goiás. A principal mudança é a inclusão de regras específicas para o transporte algodão em caroço, além de novas recomendações às algodoeiras e confinamentos, reforçando a prevenção contra a praga que mais ameaça a cotonicultura brasileira.
A alteração veio através da Instrução Normativa nº 5/2025, publicada no Diário Oficial do Estado de 26 de agosto de 2025 (saiba mais abaixo).
O bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) é considerado a praga mais severa da cultura do algodão, capaz de causar perdas de até 70% da produção, além de elevar os custos de manejo. A atualização normativa atende a demandas do setor produtivo, especialmente quanto à necessidade de maior rigor no transporte de fardos e caroço de algodão e no funcionamento de algodoeiras e confinamentos, ambientes que podem favorecer a sobrevivência e disseminação da praga.
O presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, ressalta que a medida reforça o trabalho do Governo de Goiás em parceria com os produtores.
“O algodão é uma das culturas estratégicas para o agronegócio de Goiás e, para mantermos a competitividade no mercado nacional e internacional, precisamos estar atentos às principais ameaças fitossanitárias. A atualização desta instrução normativa demonstra o compromisso da Agrodefesa em fortalecer a defesa agropecuária, garantindo segurança, produtividade e sustentabilidade para os produtores”.
O gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Leonardo Macedo, destaca a importância do cumprimento coletivo das novas medidas.
“O bicudo-do-algodoeiro é uma praga de difícil controle e que exige disciplina de todos os elos da cadeia. O programa atualizado traz orientações claras para transporte, beneficiamento e manejo da cultura, reduzindo a pressão de infestação e evitando prejuízos econômicos”.
Já o coordenador do Programa Estadual, Maxwell Carvalho, enfatiza que a atualização normativa foi construída em diálogo com o setor produtivo.
“As mudanças atendem a preocupações das entidades ligadas à cotonicultura e refletem a necessidade de evoluir junto com os desafios da praga. O alinhamento entre produtores, transportadores, algodoeiras e governo é essencial para que possamos manter lavouras mais seguras e produtivas em Goiás”.
Cotonicultura em Goiás
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de algodão — atrás apenas da China e da Índia — e responde por cerca de 13% da produção global. Enquanto Índia, China e Estados Unidos registraram queda na safra 2023/24, a produção brasileira cresceu em 2,8 milhões de fardos de 480 lb, consolidando sua relevância no mercado mundial.
Na produção nacional, Goiás ocupa a sétima colocação, com expectativa de colher 138,2 mil toneladas na safra 2024/25. Segundo dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o estado registrou um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 512,7 milhões, representando 1,5% do VBP nacional do algodão.
Os destaques são os municípios de Chapadão do Céu, Luziânia e Cristalina, líderes na produção da pluma. No mercado externo, a China é o principal destino do algodão goiano: em 2024, o estado exportou 24,1 mil toneladas para o país asiático.
Bicudo-do-Algodoeiro
O bicudo-do-algodoeiro é um pequeno besouro de coloração cinza a castanha, caracterizado por um bico alongado. Introduzido no Brasil em 1983, tornou-se rapidamente a principal praga do algodão.
Os adultos perfuram botões florais e maçãs para se alimentar e depositar ovos, comprometendo a produtividade e a qualidade da fibra. Os sintomas típicos são orifícios nos botões e capulhos, muitas vezes cobertos por cera protetora, e galerias internas visíveis ao abrir as estruturas.
Principais atualizações da Instrução Normativa nº 5/2025 da Agrodefesa:
Responsabilidade solidária, tanto do produtor de algodão quanto dos transportadores, no transporte do algodão em caroço.
Responsabilidade solidária, da Unidade de Beneficiamento de Algodão e dos transportadores, no transporte do caroço de algodão.
Criação de formulário padronizado de recepção de cargas, que deverá ser preenchido pelas unidades de beneficiamento.
Procedimentos obrigatórios para transporte de algodão em caroço, incluindo enlonamento completo com lona e tela sombrite que cubra toda a extensão dos fardos, amarração firme dos fardos, limpeza da carroceria e vistoria final antes da liberação da carga.
Recomendações específicas às algodoeiras, como manter pátios limpos e livres de plantas voluntárias, capacitar equipes e motoristas sobre procedimentos corretos de carregamento e descarregamento, fiscalizar rigorosamente todas as cargas na entrada e saída da unidade, verificação da integridade da lona e da tela de cobertura e identificação e correção de cargas mal protegidas.
Procedimentos obrigatórios para transporte de caroço de algodão, como inspeção da carroceria e da lona, compactação da carga, cuidado para a carga não ultrapassar as laterais da carroceria, cobertura da carga com lona vinícola externa com amarrações firmes e realização da limpeza externa da carroceria e chassi com sopradores.
Recomendações específicas aos confinamentos, como manutenção do ambiente livre de plantas voluntárias de algodão, capacitação das equipes e motoristas sobre procedimentos corretos de descarregamento e limpeza das carrocerias das cargas de caroço de algodão e fiscalização dos caminhões na entrada da unidade.
Confira aqui a IN completa.
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