Um projeto desenvolvido no Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Osvaldo da Costa Meireles, em Luziânia, conseguiu unir ciência, sustentabilidade e criatividade. Sob a orientação da professora de Biologia, Gabrielle Rosa Silva, o estudante Thiago Alves dos Santos desenvolveu um tecido produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar.
A professora Gabrielle comenta que o processo de produção do tecido começa de forma simples, com a coleta do bagaço de cana-de-açúcar, material que seria descartado por produtores locais de caldo de cana.
Depois disso, o material passa por higienização, secagem e trituração antes de ser submetido à extração da celulose. Essa última etapa dura cerca de 3 horas e utiliza água e soda cáustica sob temperatura constante de 80ºC para quebrar os compostos orgânicos e liberar a celulose.
“Ao final da extração, o líquido obtido passa por um processo de neutralização do pH, onde é adicionado vinagre (ácido acético) até atingir um pH neutro. Após isso, descartamos o líquido e mantemos apenas a celulose sólida”, explica a professora.
Maciez e resistência
Segundo Gabrielle, como a celulose fica escura após esse processo, é necessário realizar a clarificação com água oxigenada e depois secar novamente. Em seguida, tem início a preparação do tecido.
Em um recipiente de vidro com base plana usado em laboratórios (béquer) são adicionadas água, soda cáustica e uréia.
“Então deixamos essa mistura atingir -10 °C no congelador, formando uma solução viscosa, etapa que chamamos de dissolução da celulose”, afirma a professora.
De acordo com ela, o resultado da experiência surpreendeu.
“O tecido obtido apresentou toque macio parecido com a seda e aparência semelhante ao algodão, com boa absorção e resistência, além de ter se mostrado compatível com tingimentos naturais”.
A professora explica que a ideia de criar o tecido foi sugerida pelo estudante Thiago durante uma aula da eletiva de Biotecnologia. O trabalho, que alia pesquisa científica e consciência ambiental, foi selecionado para representar Goiás na II Feira de BioInovação Territórios do Brasil (FBioT Brasil), que será realizada entre os dias 27 e 30 de novembro, no Instituto Federal Baiano (Campus Uruçuca), na Bahia.
Ciência na prática
Gabrielle ressalta que o projeto demonstra como o conhecimento científico pode ser aplicado de forma criativa e sustentável.
“A ideia era mostrar aos estudantes que a ciência está ao nosso redor e que é possível criar soluções reais para problemas ambientais usando recursos simples e acessíveis”, completa ela.
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